Autor: Tiago de Melo Andrade
Era uma vez, flutuando lá no
espaço, o Planetinha Azul, planetinha pacato e tranqüilo. Naquele mundinho tão
aconchegante... tão azul habitava um povôo, que era muito feliz em seu lindo
Planetinha Azul. Seus habitantes gostavam muito de viver! Cantavam, dançavam,
brincavam, rimavam e festavam muito. Todas as noites, sob a luz da lua, eles
acendiam uma grande fogueira e brincavam em volta dela. Uns tocavam estranhos instrumentos,
outros cantavam belas canções, alguém sempre recitava poemas ou contava histórias.
Havia também aqueles que faziam palhaçadas e contavam piadas, para rechear de
risos a festa...
Era realmente um povo muito
alegre e divertido. Mas, em uma dessas noites de lua, um estranho objeto riscou
o céu deixando um rastro de fumaça e explodindo num clarão.
A explosão chamou a atenção
de todos, parando a festa. Curiosos logo correram lá para ver o que havia
sucedido. A queda do objeto criou uma pequena cratera, que o escondeu.
Um dos habitantes do
Planetinha Azul foi até lá, espiou pelas bordas... pulou dentro da pequena
cratera, demorou, deixando todos ansiosos. De repente jogou de lá de dentro uma
caixa preta.
_Oh! _ Exclamaram todos.
Que coisa esquisita! _
pensaram outros.
Começaram então a examiná-la.
Viraram de um lado, viraram
de outro.
Tentaram abrir, mas a caixa não
tinha tampa... Foi quando alguém percebeu um pequenino botão em um dos lados da
caixa. Alguém mais curioso resolveu apertá-lo.
E no mesmo instante um dos lados da caixa se iluminou, em várias cores
que se movimentavam rapidamente.
_Oh! _ tomaram a exclamar, fascinados,
os habitantes do Planetinha Azul.
Era realmente encantador.
Um dos lados do estranho
objeto parecia um calidoscópio de cores, luzes, movimentos e sons!
Os habitantes do Planetinha
Azul se encantaram com a caixa preta.
Colocaram-na em cima de uma
pedra e sentaram-se ao redor, observando atentamente cada nova cor que surgia
ou novo movimento de luzes.
Sentiam-se tão maravilhados
com a caixa, que não arredavam de perto dela para mais nada.
Não que não houvesse nada
melhor a fazer. Havia. Mas, quando estavam de frente para a caixa preta, se
esqueciam de tudo, de tudo mesmo. Não se lembravam das noites enluaradas
salpicadas de estrelas; se esqueciam da alegria das festas, da música, da dança,
da poesia e da boa prosa com os amigos; também pouco ligavam para o esplendor
do amanhecer e para o festival de cores do poente, muito mais bonitos do que
aquelas cores da caixa preta.
Corria o tempo.
Vieram lindos amanheceres, e
ninguém se movia.
A lua apareceu, eles nem
ligaram...
Assim se passou muito tempo,
sem que se ouvisse no Planetinha Azul um novo cantar, ou poema, tampouco se
escutavam risos...
Ouvia-se apenas o barulho
estridente da caixa preta...
Mas, numa certa manhã, o Sol
percebeu, lá de cima, com tristeza, que os habitantes do Planetinha Azul haviam
se transformado em pedra, pobrezinhos!
A luz que saía da caixa foi
transformado-os... Primeiro, petrificou seus pensamentos e idéias; depois, seus
corações, depois, seus corpos e, por fim, suas almas... E eles nem perceberam!
Estavam tão interessados com o que se passava na caixa, que não viram suas
vidas indo-se embora.
Agora são apenas um amontoado
de pedras...
Espere! Mas o que é aquilo? Um
foguete espacial vem ali descendo no Planetinha Azul..
De dentro dele saiu um
estranho ser, de cabeça quadrada! Ele pega a caixa preta e guarda dentro de seu
foguete. Em seguida, vai até aos habitantes petrificados e marca um pequeno círculo
em suas cabeças de pedra..
Com uma espécie de aspirador,
começa a sugar a criatividade petrificada dos habitantes do Planetinha Azul. Esugou!
Não deixou nenhum pozinho de idéias não... Entrou no foguete e voltou para o
seu asteróide com o bagageiro abarrotado de idéias, pensamentos, música, dança
e poesia.
Com certeza, seu asteróide ia
ser uma festa agora. Também, com toda essa criatividade roubada do Planetinha
Azul!...
Sabe, a única coisa que os seres do asteróide conseguiram criar era
aquela caixinha preta. A caixa, na verdade, é uma arma: ela petrifica as
pessoas para que suas idéias possam ser roubadas!
Os seres do pequeno asteróide
vivem assim, roubando idéias de habitantes de outros planetas, e, quando
aquelas idéias acabam, eles voltam para pegar mais. Então, amigo, não importa
de qual planeta você seja: tome cuidado com caixas pretas!
Fim
Ei, não acabou não! Ainda tenho
que contar o acontecido com os habitantes do Planetinha Azul. Ficaram lá
aqueles enorme blocos de pedra. Aparentemente só havia aquilo naquele mundinho,
até que um dia se ouviram umas risadinhas. Era uma turma de crianças que não
gostavam da caixa preta e, para não atrapalhar quem gostava de ver a caixa
preta, esconderam-se em uma caverna a fim de brincar, inventar história,
poesia, música, afinal fazer o que era realmente divertido: viver!
As crianças tomaram um susto,
ao ver seus pais petrificados; e, espertas que eram, logo notaram em todos um
furinho na testa. Espiaram lá dentro e constataram:_ Pessoal! _ gritou o
primeiro_Estão todos de cabeças ocas!...
Reuniram-se em torno das
pedras de gente, e começaram a dançar, cantar, falar, contar histórias, recitar
poemas. Toda essa música, poesia e idéias começaram a entrar pelos buraquinhos
das estátuas de pedra. Então essas idéias foram logo amolecendo as pedras, que
aos poucos iam se transformando em gente de novo. Em pouco tempo, todos tinha m
voltado ao normal no Planetinha Azul. Aí, então, foi aquela festa...